domingo, 21 de dezembro de 2014

História da Psiquiatria no Brasil

No Brasil de 1839, quando o Dr. Luiz Vicente De-Simoni escreveu sobre a “Importância e necessidade da criação de um manicômio ou estabelecimento especial para o tratamento dos alienados”, hospícios de alienados organizados como serviços médicos existiam apenas nos sonhos e nos discursos de alguns ilustres facultativos.

O primeiro hospício brasileiro propriamente dito, o Hospício Pedro II, levou cerca de dez anos para ser construído, e o suntuoso edifício da Praia Vermelha foi inaugurado em 1852. Tanto as articulações políticas que levaram ao decreto da fundação, quanto a mobilização social em torno da construção do hospício foram conduzidas por José Clemente Pereira (1787-1854), magistrado português de destacada atividade política no Primeiro e Segundo Reinados.

Somente a partir de 1884, com a instalação das cátedras de Psiquiatria nas Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, o estudo das doenças mentais passou a constituir um ramo à parte da patologia interna e não mais unido a outras enfermidades.

Seu funcionamento guiava-se pelos princípios do isolamento, vigilância, distribuição e organização do tempo dos internos, com vistas à repressão, controle e individualização”. As intervenções dos Psiquiatras da casa sofreram grande influência das ideias de Pinel que propunham afastar o louco do que era considerada a fonte de suas loucuras, ou seja, a família, a sociedade e seus hábitos de forma geral.

Sob essa perspectiva, a psiquiatria pretendia exercer controle sob as problemáticas pelo ordenamento do espaço urbano. Tinha autoridade para punir e banir os desajustados. Buscaram combater o alcoolismo, o jogo, a prostituição e o crime.

O estigma contra doenças mentais ainda é uma grande barreira contra o desenvolvimento da psiquiatria no Brasil atual: a saúde mental continua sendo um assunto alheio ao universo de muito dos brasileiros, e o tratamento psiquiátrico tanto público quanto privado têm um longo caminho a percorrer.


Entretanto, já se pode observar um grande avanço na perspectiva da sociedade brasileira em relação à doenças mentais, conforme a psiquiatria e ciências associadas se desenvolvem e destroem preconceitos e crenças. A psiquiatria, em pequenos passos, está deixando de ser uma ferramenta de controle de “insanos” e criminosos, e passando a ser peça importante para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros.