No
Brasil de 1839, quando o Dr. Luiz Vicente De-Simoni escreveu sobre a
“Importância e necessidade da criação de um manicômio ou
estabelecimento especial para o tratamento dos alienados”,
hospícios de alienados organizados como serviços médicos existiam
apenas nos sonhos e nos discursos de alguns ilustres facultativos.
O
primeiro hospício brasileiro propriamente dito, o Hospício Pedro
II, levou cerca de dez anos para ser construído, e o suntuoso
edifício da Praia Vermelha foi inaugurado em 1852. Tanto as
articulações políticas que levaram ao decreto da fundação,
quanto a mobilização social em torno da construção do hospício
foram conduzidas por José Clemente Pereira (1787-1854), magistrado
português de destacada atividade política no Primeiro e Segundo
Reinados.
Somente
a partir de 1884, com a instalação das cátedras de Psiquiatria nas
Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, o estudo das
doenças mentais passou a constituir um ramo à parte da patologia
interna e não mais unido a outras enfermidades.
“Seu
funcionamento guiava-se pelos princípios do isolamento, vigilância,
distribuição e organização do tempo dos internos, com vistas à
repressão, controle e individualização”.
As intervenções dos Psiquiatras da casa sofreram grande influência
das ideias de Pinel que propunham afastar o louco do que era
considerada a fonte de suas loucuras, ou seja, a família, a
sociedade e seus hábitos de forma geral.
Sob
essa perspectiva, a psiquiatria pretendia exercer controle sob as
problemáticas pelo ordenamento do espaço urbano. Tinha autoridade
para punir e banir os desajustados. Buscaram combater o alcoolismo, o
jogo, a prostituição e o crime.
O
estigma contra doenças mentais ainda é uma grande barreira contra o
desenvolvimento da psiquiatria no Brasil atual: a saúde mental
continua sendo um assunto alheio ao universo de muito dos
brasileiros, e o tratamento psiquiátrico tanto público quanto
privado têm um longo caminho a percorrer.
Entretanto,
já se pode observar um grande avanço na perspectiva da sociedade
brasileira em relação à doenças mentais, conforme a psiquiatria e
ciências associadas se desenvolvem e destroem preconceitos e
crenças. A psiquiatria, em pequenos passos, está deixando de ser
uma ferramenta de controle de “insanos” e criminosos, e passando
a ser peça importante para a melhoria da qualidade de vida dos
brasileiros.
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